Sendo um dos objectivos do projecto Porto de Encontros o resgatar de memórias (pessoais e colectivas) e a defesa incondicional do património histórico, cultural e ambiental da cidade do Porto (mas não só) torna-se incontornável resgatar a memória daquele que foi um dos maiores atentados ao património da cidade com a demolição do Palácio de Cristal (original). Nesse sentido o Palácio de Cristal "original" será também o nosso rosto no FB nos próximos meses. Infelizmente, parece que a tradição de devaste ao património se mantêm e continua pendente a ameaça aos jardins do palácio com um plano megalómano de construção de um Centro de Congressos (como não existissem centenas de edifícios degradados na cidade à espera de ser reabilitados). Por agora fica aqui um pouco de história.
Palácio de Cristal (Porto)
O Palácio de Cristal (1865
— 1951) foi um
edifício que existiu no antigo campo da Torre
da Marca, na freguesia de Massarelos,
na cidade do Porto,
em Portugal.
Inaugurado em 1865, o
Palácio de Cristal original acabou por ser demolido em 1951
para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão
Rosa Mota.
O Palácio de Cristal, da autoria do arquitecto inglês Thomas
Dillen Jones, foi construído em granito,
ferro e vidro,
tendo o Crystal
Palace londrino
por modelo. Media 150 metros de comprimento por 72 metros de largura
e era dividido em três naves.
A sua construção iniciou-se em 1861,
sendo inaugurado em 18
de Setembro em 1865
pelo rei D. Luís.
Foi concebido para acolher a grande Exposição
Internacional do Porto, organizada pela então Associação
Industrial Portuense, hoje Associação
Empresarial de Portugal. A Exposição Industrial, para além de
contar com a visita oficial do rei D. Luís, de Dona
Maria Pia e do príncipe
herdeiro, contou ainda com 3.139 expositores, dos quais 499
franceses, 265
alemães, 107
britânicos,
89 belgas, 62
brasileiros, 24
espanhóis, 16
dinamarqueses e
ainda representantes da Rússia,
Holanda, Turquia,
Estados Unidos
e Japão.
Em 1933, o
edifício e os respectivos
jardins foram adquiridos pela Câmara
Municipal do Porto.
Ao longo dos seus 86 anos de existência, o Palácio de Cristal
acolheu muitas outras exposições, destacando-se a exposição das
rosas, em 1879, a
exposição agrícola, em 1903
e a Exposição
Colonial, inaugurada em Junho de 1934.
Desta última exposição sobrevive o Monumento ao Esforço
Colonizador Português, actualmente colocado no topo oeste da
Avenida
do Marechal Gomes da Costa.
O Palácio de Cristal foi ainda um importante espaço de cultura,
contendo um órgão de tubos que era dos maiores do mundo. Foi neste
palácio que se realizaram importantes concertos do compositor Viana
da Mota ou da virtuosa violoncelista Guilhermina
Suggia.
O palácio foi destruído em 1951, tendo-se erguido no seu lugar
uma nave de betão
armado, a que foi dado o nome de Pavilhão
dos Desportos, segundo projecto do Arquitecto José
Carlos Loureiro e a pretexto do Campeonato Mundial de Hóquei em
Patins. O edifício foi demolido em menos de um ano, sendo destruído
à martelada o órgão de tubos. Devido à contestação popular à
demolição, a designação Palácio de Cristal tem
sobrevivido até aos nossos dias.
Jardins do Palácio de Cristal
Estes jardins românticos foram projectados na década de 1860
pelo paisagista alemão
Émile David,
para envolver o então Palácio
de Cristal, substituído pelo Pavilhão
Rosa Mota na década de 1950.
Os Jardins do Palácio de Cristal incluem o chamado Jardim
Emílio David que possui belos exemplares de rododendros,
camélias,
araucárias,
ginkgos e faias,
para além de fontes e estátuas alegóricas às estações do ano.
A Avenida das Tílias constitui o eixo mais marcante deste
parque e está ladeada pela Biblioteca
Municipal Almeida Garrett (onde se situa a Galeria do Palácio),
pela Concha Acústica e pela Capela de Carlos
Alberto da Sardenha (edificada em 1849
pela princesa de Montléart). Perto situam-se um restaurante e uma
esplanada com vista para o lago. Nesta avenida e noutros locais
encontram-se estratégicos miradouros
que proporcionam vistas panorâmicas do rio Douro e da cidade. É ao
fundo desta avenida que encontramos a capela que a princesa de
Montléart mandou erguer em homenagem ao seu irmão, o Rei Carlos
Alberto.
Os jardins temáticos estão também representados, nomeadamente
pelo Jardim das Plantas Aromáticas, o Jardim das
Medicinais, o Jardim das Cidades Geminadas (inaugurado em
2009) e ainda o
Jardim dos Sentimentos (inaugurado em 2007),
onde se encontra a estátua Dor de Teixeira
Lopes. Outros espaços aprazíveis são o Bosque, a
Avenida dos Castanheiros-da-Índia e o Jardim do Roseiral
que está enriquecido com significativos elementos do património
artístico da cidade. Nas proximidades surgem sete magníficos
exemplares de palmeiras
da Califórnia.
Contíguos aos Jardins do Palácio de Cristal estão o Museu
Romântico e o Solar
do Vinho do Porto, ambos na Quinta
da Macieirinha. Muito próximo encontra-se, também, a Quinta
Tait, com jardins recheados de colecções de rosas, camélias,
brincos-de-princesa e um majestoso Liriodendrum tulipifera que
circundam a Casa Tait, onde funciona um Gabinete
de Numismática.
Futuro
A 23 de Junho de 2009, foi aprovado um
plano de reconversão do Pavilhão Rosa Mota que prevê a construção
de um novo edifício para congressos empresariais na zona onde
actualmente se situa o lago.[1]
Esta obra tem sido alvo de contestação, tendo-se formado um
Movimento de Defesa dos Jardins do Palácio.
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