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quinta-feira, 31 de maio de 2012

"Douro, Faina Fluvial" - Manoel de Oliveira (versão 1931)



Um verdadeiro tesouro histórico. Como a vida do Porto se desenvolvia em umbilical relação com o Douro, como as profissões, os modos de vida se modificaram ... nalgumas circunstâncias para melhor, noutras para pior, mas no final é sem dúvida demasiado elevado o saldo de todo o património, tradições, cultura que se tem vindo a perder ... se não fizermos algo em contrário ...  

Um documentário de 20 minutos sobre a cidade do Porto e o seu eixo principal: o rio Douro. Um documentário que oscila entre uma corrente mais tradicionalista e uma corrente experimentalista que estava em voga nessa altura (1931). Assim, Oliveira procura uma estética sofisticada e rigorosa que não se fica por uma pontual observação da realidade social. Pelo contrário, ele quis e foi muito mais longe neste seu primeiro trabalho, experimentando uma outra forma de apresentar o real.

Todos os elementos os homens, as máquinas, o curso do rio, estão judiciosamente colocados numa série dentro de um grandioso poema. A montagem busca complementar e encadear todos os elementos para que estes sejam distinguíveis dentro de um todo coerente. Assim, o rio que corta a cidade do Porto não está pensado como um elemento de separação, mas como um obstáculo que é necessário superar para restabelecer a comunicação.

A estrutura do Douro.., deve-se muito a um cinema de vanguarda, como era o de Walter Ruttman, que teve bastante influência sobre este primeiro trabalho de Oliveira, através da sua obra "Berlim, Sinfonia de uma Capital." Para além de Ruttman, Dzigavertov e Jeanvigo, eram os mais vanguardistas na altura e Oliveira não lhes ficou atrás no seu primeiro trabalho.

Douro, Faina Fluvial, provocou um verdadeiro impacto entre a crítica da época, devido à sua inteligentíssima e veloz montagem e à beleza da sua fotografia. Criticado pela crítica portuguesa e elogiado pela estrangeira no V CONGRESSO INTERNACIONAL DA CRÍTICA, Oliveira acabava de entrar desta forma no mundo do cinema.

Este trabalho foi realizado com António Mendes, seu amigo, fotografo amador. Ambos demoraram aproximadamente 2 anos na recolha de imagens, porque só filmavam nos tempos livres (fins-de-semana).

Ficha Técnica

35 mm pb 575 mt 21 mn

Realização: Manoel de Oliveira

Produção: Manoel de Oliveira

Argumento: Manoel de Oliveira

Planif/Seq: Manoel de Oliveira

Fotografia: António Mendes

Direc de Som: Fernando Vernalde, Eder V. Frazão

Op Som: Luís V. Frazão

.Música: (Versão Sonora) Luís de Freitas Branco

Montagem: Manoel de Oliveira

Exteriores: Porto

Data Rodagem: 1929/Set 1931

Distribuição: Agência Cinematográfica H. da Costa, Sociedade Portuguesa Actualidades Cinematográficas/SPAC

Antestreia: Salão Central V Congresso Internacional da Crítica, Lisboa

Data Antestreia: 21 Set 1931 Estreia: Tivoli

Data Estreia: 8 Ago 1934

Fonte: http://www.citi.pt/cultura/cinema/manoel_de_oliveira/douro.html

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